Mães de Bem: Marcela Bracarense e sua vivência com a apraxia de fala.

Na nossa coluna “Mães de Bem” recebemos hoje a Marcela Bracarense com muita alegria! Vejam o relato instrutivo dela com a apraxia de fala de seu filho.

“Um dos momentos mais aguardados para quem tem um filho pequeno é o início da fala. Pai, mãe, avós, tios, costumam fazer até uma “disputa” para serem contemplados com a primeira palavra, que, em geral, homenageia as pessoas próximas. Entre o primeiro “papai e mamãe” até as palavras mais complexas balbuciadas, o período costuma ser curto. De forma geral, os bebês começam a emitir os primeiros sons por volta dos cinco meses e, com um ano, já conseguem balbuciar palavras que podem ser compreendidas por um adulto.

Mas e quando o adulto não percebe esse desenvolvimento ocorrendo e a criança chega próximo ao primeiro ano de vida sem dar os sinais indicados da fala? É preciso estar atento à criança conhecida como quietinha, que não balbucia e que possui uma baixa produção sonora, ou quase inexistente.

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Marcela e seu filho Augusto!

Foi o que aconteceu com meu filho Augusto, um alegre menino de cinco anos e meio, que apresenta uma síndrome genética ainda em estudo, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele está em tratamento fonoaudiológico desde os sete meses de idade. Sempre busquei, com muita determinação, o diagnóstico dele, para oferecer os tratamentos e abordagens eficientes para suas dificuldades. Durante cinco anos, peregrinamos em consultórios de fonoaudiólogas, neurologistas e pediatras. O importante atraso de fala que ele apresenta costumava ser tratado como consequência exclusiva de sua condição genética, de prognóstico indefinido, inclinado ao insucesso na fala, apesar de não ter sido tratado por metodologias específicas para o que ele realmente apresentava. Já há alguns anos lidamos com as angústias e consequências emocionais que a ausência de fala funcional acarreta para sua autoestima, para suas tentativas de socialização, levando inclusive ao quadro de maior agitação e impulsividade, já característicos do autismo. No Brasil, a Apraxia de Fala na Infância é uma descoberta nova, um diagnóstico pouco conhecido e estudado. Não temos, em português, quase nenhum artigo sobre o assunto.

Houve um momento, no ano passado, em que decidi interromper o atendimento fonoaudiológico dele, já que os resultados eram inconsistentes e incompatíveis com todo nosso investimento de tempo, recursos financeiros e emocionais. Parti em busca de alguma coisa que nos iluminasse para vencermos esse desafio. Por meio de amigas do grupo Minas Down, conheci a fonoaudióloga Cinthia Azevedo, especialista em síndrome de Down e Apraxia de Fala na Infância. A avaliação do Augusto foi um misto de sentimentos. Alívio pela primeira vez sentir que ali estava o diagnóstico e a abordagem específica que daria voz a ele. Ao mesmo tempo, uma imensa tristeza e angústia pelo tempo que investimos em tratamentos com poucos resultados. Angústia maior ainda ao comprovar que muitas crianças brasileiras poderiam nunca ter tal oportunidade de serem diagnosticadas e tratadas devidamente. A partir desse momento, começamos uma jornada de imersão em livros, artigos científicos, grupos de internet, etc, tudo o que poderia nos amparar e contribuir com o desenvolvimento da fala do meu filho e de outras crianças com a mesma condição.”

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A Apraxia de Fala é um distúrbio neurológico que afeta a produção motora dos sons da fala. Estima­-se que entre 5 a 10% das crianças no mundo, em idade pré­escolar, tenham alguma dificuldade de se comunicar. Em pelo menos de 3 a 5% desses casos a criança pode ter apraxia da fala.

 

O dia 14 de maio é celebrado como o Dia Nacional de Conscientização da Apraxia de Fala na Infância. Em Belo Horizonte, acontecerá um evento nesta data, na Barragem Santa Lúcia, das 9h às 13h, com uma ampla programação, que busca divertir e oferecer momentos agradáveis para toda a família. Estão sendo preparadas atividades para pais, mães, crianças e sociedade no geral, todos reunidos, para se informarem sobre a apraxia da fala e desfrutar de uma alegre manhã de sábado.

 

 

 

Para mais informações
Instagram @apraxiabh

Site: www.apraxiabrasil.orge

Facebook: www.facebook.com/ApraxiaKidsBrasil