A criança e o elogio

Quando a minha filha tinha uns 6 anos, a flagrei relatando uma situação para uma tia e, o finalzinho de sua fala era mais ou menos assim: “Sabia que a minha mãe até me elogiou?”Recordo que a palavra que mais me chamou atenção foi o ATÉ. O que eu estaria fazendo, em minhas atuações com ela, que sua percepção infantil notou e fez do elogio uma coisa que ocorria tão raramente que a fez ficar surpresa?Foi bom ter escutado aquilo.

 

 

Elogiar uma pessoa, seja de que idade for, é necessário e saudável, se o elogio for verdadeiro, real e fruto de um legítimo reconhecimento.

Algumas vezes, equivocadamente, alguns pais excedem nos elogios, acostumando a criança a ser sempre notada, por coisas mínimas que são feitas por ela. Coisas que fazem parte do dia a dia e que, não é, de modo algum, nada fenomenal. Também há aqueles que nutrem a falta total da valorização do que a criança faz. A criança se esforça, faz uma tarefa solicitada e é isso mesmo. Puxa, que sem graça!

Trabalhei em certa instituição, onde era constante o reconhecimento do que eu realizava. Lembro da minha chefe me chamando, quase toda semana, realçando algumas tarefas que eu fazia. Muitas vezes eu nem havia me dado conta, por fazer aquilo de forma mecânica, o verdadeiro valor que aquilo realmente tinha. Esta pessoa tinha, certamente, um objetivo, mas o que sei, na prática, é que passei a prestar mais atenção no que eu fazia e ter mais consciência se aquilo estava realmente bom e se era merecedor de valorização. Estas vivências me fizeram crescer, melhorar.

 

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A vontade precisa de incentivos para movimentar. Isso é óbvio. Estímulos são alimentos certos para a vontade. Necessidades também. Ao ver uma criança movendo-se para aprender uma coisa nova como andar, falar as primeiras palavras, comer com as próprias mãozinhas, andar de bicicleta pelas primeiras vezes, ir a escola e ter a valentia de esperar a hora de ir para casa, tudo isso merece ser ressaltado como avanços.

Elogiar alguém porque está avançando, superando, melhorando na vida, é um dever de quem observa e educa.

Realmente há que equilibrar tudo nesta nossa caminhada da educação dos filhos.

Elogiar demais estraga, acostuma a adulação e não prepara para o que a vida vai exigir. Elogiar de menos, cria pessoas frágeis, inseguras, sem parâmetros se estão ou não no caminho certo. Neste sentido, olhar para nossos menininhos e menininhas, sabidos, aprendendo, perguntando, desfrutando tantas oportunidades, e não dar-lhes uma noção se estão se saindo bem, no mínimo é deseducado.

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Criança é como uma esponjinha, daquelas que quando molhamos, absorve tudo. Se oferecermos bons exemplos, desde cedo, muito provavelmente teremos no futuro pessoas mais gratas, mais felizes, com melhores condições de perceber seu valor e, o melhor, identificar que os demais também os possuem e podem nos ajudar na caminhada da vida.

 

 

 

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Marise Alencar Pedagoga, Mestre em Educação