A criança e o divórcio (por Luiza Pinheiro)
Recentemente assisti a um vídeo intitulado “Filho do divórcio”. Trata-se de um menino lendo uma carta escrita aos pais dizendo de todos os danos causados a ele pelo divórcio. O vídeo me fez pensar sobre essa questão.
Ainda hoje, numa sociedade em que é mais comum ter pais separados do que casados, e em que as famílias não seguem mais um modelo predeterminado, qualquer comportamento diferente ou inadequado da criança é atribuído à configuração familiar: “Ah, essa criança está agressiva porque os pais estão se separando”, “Essa outra é introvertida porque mora só com a mãe e quase nunca vê o pai”. Quando se fala desse assunto há uma tendência a pensar que é devastador para a criança ter pais separados e que essa situação pode causar traumas e danos irreparáveis.
Uma separação é, sem dúvida, difícil para todos os envolvidos e para as crianças pode ser ainda mais devido à falta de entendimento sobre o que está acontecendo. No entanto, uma criança com pais separados, mas, felizes e em harmonia será, com certeza, mais feliz que uma criança com pais casados, infelizes e em constante enfrentamento. O que é realmente difícil para a criança é ter pais que brigam constantemente, sejam eles casados ou separados. O ambiente de brigas, raiva e discussões é muito estressante e deixa as crianças inseguras.
Portanto, se o divórcio for a saída encontrada pelos pais o importante é pensar no bem estar da criança e ficar atento aos valores passados a ela. Se durante um divórcio os pais conseguem manejar a situação com respeito e consideração pelo outro, a criança aprende que deve agir dessa forma quando ela mesma estiver envolvida em algum conflito. Tudo o que acontece durante a infância influencia no desenvolvimento das crianças e situações ruins como um divórcio, se bem manejadas pelos adultos, podem carregar muito aprendizado sobre sentimentos e relacionamentos.
Por Luiza Pinheiro: Psicopedagoga da Clínica Base