Vida real

Em um domingo ensolarado Tomás brinca na pracinha próxima a sua casa se deliciando com sua mais nova aquisição, um carrinho que ele acaba de ganhar de presente de uma tia querida.  Curiosa, uma criança se aproxima e pega o brinquedo da sua mão, Tomás reage, tenta reaver seu brinquedo de volta que acaba caindo no chão e quebrando. Insistentemente, ele tenta colocar o carrinho em movimento novamente, mas ele não funciona mais. Frustrado, começa a chorar, um choro inconformado com a perda do brinquedo que há minutos atrás o deixara tão feliz!

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A mãe se aproxima, quando compreende o que aconteceu, tenta consertar o brinquedo, mas não consegue reparar o estrago causado pela criança, o que só aumenta a frustração de Tomás, que agora chora descontroladamente. Desesperada, ela tenta consolar o filho e promete que dali vão direto para a loja comprar um carrinho novo igual ao que ele perdeu.

 

Todos os dias essa cena se repete, uma criança frustrada e uma mãe desesperada, que tenta de todas as formas impedi-la de sofrer usando, para isso, todos os recursos de que dispõe.

Presenciar a dor de um filho, ainda que seja por motivos banais, que logo serão esquecidos, doí na alma. Quem nunca tentou poupar seu filho dos sofrimentos da vida? Quem nunca teve vontade de colocar seu rebento em uma cápsula de vidro para impedir que algo de ruim lhe aconteça?

Viver implica em sorrir, brincar, amar, divertir, mas também em sofrer. Ninguém está aqui para ser feliz somente. Essa cláusula não existe no contrato, nem em letras miúdas. Sofrer faz parte da vida, mas parece que estamos esquecendo disso.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Marina Otoni – psicóloga